segunda-feira, 19 de julho de 2010

R.E.R. - RITO ESCOCÊS RETIFICADO


O Regime Escocês Ratificado A sigla R.E.R. é usada simultaneamente para designar o Rito e o Regime.

Stricto senso, um "Regime" governado pelos "Altos Graus" e um "Rito" baseado na igualdade entre Mestres. Em termos correntes o Rito Ratificado é utilizado e praticado pelas Lojas Escocesas Ratificadas, ou seja, o cerimonial maçônico em que essas Lojas trabalham utilizando os Rituais dos "Graus Simbólicos" que nos foram legados fundamentalmente pelos Conventos da Gálias (1778) e de Wilhelmsbad (1782).
Entende-se por Regime Escocês Ratificado o sistema maçônico completo em seis Graus assim organizados:

Lojas Azuis ou de S. João:
Aprendiz
Companheiro
Mestre
Lojas Verdes ou de St.André:
Mestre Escocês de Santo André
Ordem Interior
Escudeiro Noviço
Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa (C.B.C.S)

O Regime divide-se entre uma maçonaria simbólica em quatro graus e uma Ordem Interior de Cavalaria Espiritual Cristã e Maçônica. Os quatro primeiros graus eram originalmente governados por um Diretório Escocês Nacional cuja autoridade máxima era o Deputado Mestre Nacional (equivalente aos atuais Grãos Mestres dos Grandes Orientes e Grandes Lojas), ele próprio dependente estruturalmente do Grande Priorado da Ordem dos C.B.C.S. o qual governava diretamente a Ordem Interior constituída por Comendadorias e Prefeituras de Cavaleiros.
Existiam ainda mais dois "graus" os de Escudeiro Noviço e Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa (C.B.C.S), digamos assim a uma Classe Sacerdotal a qual rápida e oficialmente desapareceram. Hoje em dia, em termos de Maçonaria dita Regular, os Grandes Priorados entregaram o governo administrativo das Lojas azuis às respectivas Grandes Lojas, conservando, ou devendo conservar a tutela ritual e simbólica, através de Tratados de mútuo reconhecimento. Reservam para si a tutela das Lojas de Santo André e a Ordem Interior.
Idêntica atitude é observada em relação à Maçonaria dita não regular. Assim, na França, existem protocolos semelhantes entre Grandes Priorados e o Grande Oriente de França e a Grande Loja Ópera. O Grande Priorado da Gálias (G.P.D.G.), recentemente, entrou em rota de colisão com a G.L.N.F., Grande Loja Nacional Francesa (Regular) não havendo, de momento, na França um Grande Priorado Internacional e maioritariamente aceite como regular. O G.P.D.G. voltou ao modelo do sec. XVII e chamou a si o governo das Lojas azuis administrando assim os seis Graus. Existem Grandes Priorados de C.B.C.S., regulares, em Portugal (Grande Priorado Independente da Lusitânia), (G.P.I.L.), no Togo, na Bélgica, Prefeituras em Espanha (sob tutela de um Grande Priorado de K.T.) e naturalmente na Suíça, o Grande Priorado Independente da Helvécia (G.P.I.H.) o qual, historicamente, ficou com as patentes originais francesas.
Todos estes Grandes Priorados mantêm relações de amizade com os Grandes Priorados anglo-saxônicos de Knight Templars (K.T.) e Knights of Malta (K.M.).


ORIGEM DO RITO ESCOCÊS RETIFICADO

O R.E.R. nasce em França na segunda metade do sec. XVIII tem um eclipse aparente no sec. XIX e, sobretudo a partir de 1960, está em franco ressurgimento. É um rito essencialmente cristão. Mas cristão no sentido mais lato do termo. É, dentro do cristianismo, um rito ecumênico embora se possa considerar restritivo em relação a outras religiões mesmo que monoteístas. Admite como é óbvio, como visitas, nas suas oficinas irmãos de outros ritos, sejam eles cristãos, judeus ou muçulmanos, embora só dele possam fazer parte, como obreiros, cristãos, o que é lógico já que em todos os trabalhos e juramentos está presente o evangelho segundo São João (incluindo nas Lojas de Santo André), aberto no primeiro capítulo. O rito é fundamentalmente Joanita. Está ligado à mensagem de amor e tolerância do novo testamento sem detrimento da Justiça vinculada pelo Antigo Testamento.
Está ligado à "Tradição Templária" em termos de herança espiritual e próximo da "Gnose Cristã". Não é um rito católico é um rito cristão. É provavelmente o Rito mais próximo da maçonaria operativa de origem medieval. Ou seja, da maçonaria anterior a "24 de Junho de 1717".

Em loja simbólica os obreiros, além de avental e luvas, usam, todos, uma espada e um chapéu triangular embora só a partir do grau de mestre se possam cobrir. O Rito é também conhecido como Rito de Willermoz, em alusão ao seu criador, Jean Baptiste de Willermoz (Lyon,1730- Lyon,1824), que foi iniciado na maçonaria aos 20 anos de idade em uma loja que funcionava sob os auspícios da Estrita Observância Templária.
A intenção de ter um Rito Escocês Retificado seria trazer de volta antigas influências dos Cavaleiros Templários, como um rito de cavalaria, também de um antigo rito chamado Rito de Heredom. Segundo Willermoz o Rito havia se descaracterizado com o tempo, perdendo assim sua identidade original como um Rito de Cavaleiros. De origem francesa, estudioso da maçonaria e se tornou Venerável Mestre da sua Loja em Lyon dois anos após ter sido iniciado.
Face a uma dispersiva disparidade de Ritos e sistemas maçônicos na altura existentes e à preponderância que a Estrita Observância Templária (S.T.O.) alemã começava a ter no mundo maçônico, intrigado, fascinado e depois um pouco séptico pelo sistema maçônico dos "Eleitos Cohen" de Martinez de Pasqually, Willermoz parte para a criação de um Rito que reflete essas três tendências: • A Maçonaria existente em França na sua vertente mais significativa (Escossismo).

As doutrinas cabalístico/ocultistas do teosofismo martinezista do Sistema de Martinez de Pasqually. O Sistema da Estrita Observância Templária do Barão de Hunt também apelidada de Maçonaria Ratificada (Reforma de Dresde), sistema alemão em que a vertente cavalheiresca se sobrepunha à maçônica já que se reclamava de não só herdeira, mas restauradora da Ordem do Templo extinta em 1312.
Willermoz, muito inteligentemente, retira à S.T.O. as suas pretensões Templárias, no sentido de restauração político material e temporal da Ordem e reclama-se de uma herança espiritual apenas. Acalma assim as Monarquias existentes e a Igreja de Roma. Mantém o conteúdo esotérico do sistema de Pascallis, mas avança para um ecumenismo não impregnado da teosofia martinezista onde por um lado introduzem as teses de Martinez sobre a origem primeira do Homem, a sua condição atual e destino final no Universo, mas sem entrar em choque com a mensagem inicial da Tradição Cristã divulgada através dos primeiros Padres da Igreja.
Não divorcia totalmente da prática maçônica praticada em França, ou seja, do Escossismo e dos vários graus que sintetizados mais tarde irão em 1786/87 vir a constituir o Rito Francês. Resultado dos vários Conventos que se sucedem o R.E.R. acaba por ser finalmente estabelecido em 1782, em Wilhelmsbad, embora Willermoz continue a trabalhar-nos diversos rituais até 1802.

A Revolução foi madrasta para o Regime e para a Maçonaria em geral. Durante o sec. XIX ele acaba teoricamente por desaparecer em França e a última Loja a praticá-lo, em Besançon, acaba por entregar à Prefeitura de Genève a tutela do Regime e do Rito. Na Alemanha e Países Escandinavos desenvolviam-se sistemas semelhantes que conduziram basicamente ao Rito Sueco e ao Rito de Zinnendorf. Em 1913, Eduardo de Ribancourt e outros Graus 33 pretendem restaurar o Rito no seio do Grande Oriente de França. Face à posição por este então assumida dirigem-se a Genève onde são armados C.B.C.S. e recebem a Carta Patente que lhes permite na volta erguer colunas da Loja Nº 1, "Le Centre des Amis" que está na origem da fundação da Grande Loja Nacional Independente para a França e Colônias, mais tarde Grande Loja Nacional Francesa, única potência maçônica reconhecida pela Inglaterra em França.

Mais tarde constitui-se o Grande Priorado das Gálias que irá administrar todo o Regime. Em 1958 este assina um protocolo com a G.L.N.F. passando esta a ter toda a autoridade administrativa sobre os graus azuis. Em Portugal o Regime está também na origem da Grande Loja Regular de Portugal (Graus azuis) tendo as Lojas de Santo André e a Ordem Interior sido introduzidas pelo Grande Priorado Independente da Helvécia com a criação do Grande Priorado da Lusitânia.
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