sábado, 24 de julho de 2010

Livros Malditos

Os detentores do poder seja de que natureza for: político, religioso, científico nem sempre têm interesse em divulgar certas informações a seu público. Embora atual, essa realidade acompanha toda a história humana, desde o início. Neste artigo, Jacques Bergier fala dos livros que a humanidade perdeu em conseqüência dessa violência praticada contra o direito de saber. E descreve, particularmente, a aventura de Helena Blavatsky, a fundadora da Sociedade Teosófica, que teria encontrado num desses livros Stanzas de Dzyan a fonte de seus vastos conhecimentos esotéricos.
POR JACQUES BERGIER
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Não são novos os livros malditos já escritos ao longo da história da humanidade. Temos noticias de dezenas de obras, que, segundo as lendas, revelariam, por exemplo, nossa origem e nosso passado neste planeta; ou descobertas importantes que algum antigo povo fez na medicina, nas artes, na filosofia, no controle da mente; ou ainda a história de civilizações que jamais chegamos a conhecer segredos, enfim, que poderiam ter guiado o Homem para o caminho da verdade, e não para o caminho da perplexidade, da dúvida, do caos.
O tema da sabotagem contra o conhecimento, a informação e a verdade, concretizados nos "livros malditos", já foi abordado por autores importantes como Lovecraft, Max Rohmer, Edgard Wallace e Coleridge. Este último estava convencido de que, desde que o homem é homem, existe uma organização internacional que contém e impede o surgimento da verdade uma organização que evolui e se sofistica com o passar do tempo.

Na história de todos os povos encontramos sempre referências a algum livro muito citado ao longo dos séculos, parte integrante da tradição nacional, e que desapareceu misteriosamente. Mas nem é preciso ir muito longe no tempo para chegar até um "livro maldito". Em 1885 o escritor Saint Yves D'Alveydre recebeu ordem sob pena de morte de destruir seu livro mais recente: Mission del'lnde en Europe et Mission de l'Europe en Asie. La Question des Mahatmas et sa Solution. Saint Yves D'Alveydre obedeceu à ordem. Somente um exemplar, que por razões desconhecidas escapou à destruição, chegou mais tarde às mãos do editor Dorbon, que o publicou numa edição pequena no ano de 1909. Quando os alemães invadiram a França em 1940 e ocuparam Paris, eles confiscaram todos os exemplares daquela edição, levando os consigo provavelmente para destruí los. Não sabemos se sobrou ainda um ou outro exemplar.



Saint Yves D'Alveydre

Em 1897 os herdeiros do ocultista Stanislas de Guaita receberam, também sob pena de morte, ordens de destruir quatro manuscritos inéditos, que tratavam de magia negra, e mais todo o seu arquivo.

Em 1933 os nazistas queimaram na Alemanha todos os exemplares do livro Die Rosenkreuzer, Zur Geschichte Einer Reformation. O livro foi reeditado em 1970, mas não temos prova alguma de que seja igual ao original.

A esses exemplos podemos acrescentar o Livro de Toth, Os Segredos de Trithemius, Os Manuscritos de John Dee, O Manuscrito de Woynitch, O Manuscrito de Mathers, O Livro que Faz Enlouquecer: Excalibur, Os Manuscritos do Professor Fillipow, e as Stanzas de Dzyan. Falaremos deste último.

É difícil descobrir quando exatamente começou se a falar sobre um livro encontrado na índia, que teria sido escrito e enviado à Terra por seres do planeta Vênus. O astrônomo francês Bailly, no fim do século 18, divulgou a existência ou a lenda do livro no Ocidente, mas é possível que já circulassem boatos, nesta parte de cá do mundo, bem antes daquele tempo.

Foi o francês Louis Jacoillot que deu ao livro o nome de Stanzas de Dzyan no século 19. E a partir de então passou se a saber de acidentes acontecidos com pessoas que disseram possuir as Stanzas. Mas somente com madame Blavatsky, a história das Stanzas toma um rumo completamente dramático. É difícil falar sobre Blavatsky. As opiniões sobre ela são muitas e completamente divergentes e até hoje as pessoas se inflamam quando ela é o assunto em pauta.

Helena Petrovna Blavatsky nasceu em 30 de julho de 1831 na Rússia, filha de nobres rurais. No dia de seu batismo, a bata do padre pegou fogo, ele se queimou gravemente e diversas pessoas ficaram feridas em conseqüência do pânico.



Helena Petrovna Blavatsky

Depois dessa estréia, Helena Blavatsky continuou surpreendendo seus familiares. Com cinco anos, costumava hipnotizar seus amiguinhos e um deles se jogou no rio e se afogou.

Com quinze anos, começou de repente a desenvolver sua clarividência e era capaz de descobrir o paradeiro de criminosos que a polícia não conseguia encontrar.

Seu comportamento excêntrico criava problemas com todos, e os vizinhos até pensaram em mandar prendê la para forçá la a dar uma explicação aceitável para seus dons e suas açôes. A família, porém, interferiu e, pensando que um casamento iria acalmá la, fez que ela se casasse com um general muito mais velho que ela. Parece que o casamento nunca se consumou, e Blavatsky acabou embarcando em Odessa para Constantinopla. De lá ela viajou para o Egito.

No Cairo madame Blavatsky viveu com um mago de origem copta, um muçulmano extremamente culto, que lhe falou sobre um livro perigosíssimo, um livro "maldito", e lhe ensinou a consultá lo através da clarividência. Segundo ele, o livro se encontrava num monastério no Tibete, com o nome de Stanzas de Dzyan, contendo segredos de povos de outros planetas que já viviam em estado avançado de civilização há centenas de milhões de anos.

Tentamos achar as fontes dessas Stanzus. Jaques Van Herp encontrou uma referência num artigo nebuloso na Asiaric Review, revista que madame Blavatsky provavelmente nunca leu. A hipótese menos provável de todas é que Helena Blavatsky tivesse imaginação extremamente fértil e por isso criou histórias fantásticas relacionadas com tradições antiquíssimas.




Mas como casos de clarividência excepcional já são bastante conhecidos e comprovados, podemos considerar que madame Blavatsky realmente conseguiu tomar conhecimento de uma obra extremamente importante através de seus dons clarividentes. Um outro fato reforça a teoria de que Helena Blavatsky estaria se instruindo, de algum modo rápido e desconhecido: ela, que não ia até então muito além da leitura de novelas baratas compradas nas bancas das estações, que não possuía cultura alguma, de repente se transforma na mulher melhor informada sobre assuntos científicos do século 19.

Os livros dela, como A Doutrina Secreta e O Simbolismo Arcaico das Religiões, constatam seu conhecimento enciclopédico, abrangendo desde o sânscristo (ela foi a pioneira no estudo dos significados do sânscrito arcaico) até física nuclear. Sabia tudo sobre as ciências de sua época, como também as da nossa, e mostrou estar a par de algumas ciências que até hoje são ainda meras conjecturas dos cientistas.

Disseram que seu secretário, George Robert Stow Mead, era um homem bastante culto. Mas Mead encontrou madame Blavatsky só em 1889 e ficou somente os últimos três anos de sua vida com ela. Além disso, se é verdade que esse ex aluno de Cambridge sabia tudo sobre o gnosticismo, ele não possuía aquela erudição universal que marca a obra de Blavatsky.

Madame Blavatsky repetia sempre que seu conhecimento tinha origem nas Stanzas de Dzyan que leu primeiro à distância e depois diretamente; ela conseguiu encontrar um exemplar na Índia. Onde aprendeu sânscrito, ainda é mistério.

Em 1852 madame Blavatsky chegou novamente na índia. Depois ela volta a Nova York e mora lá dois anos. Em 1855 ela volta de novo a Calcutá, tentando depois penetrar no Tibete; não consegue e é forçada a voltar. Mais tarde, começa a receber ameaças: se não devolver as Stanzas, vai ser castigada. De fato, em 1860 ela fica doente e nos três anos seguintes foge pela Europa como se fosse perseguida pelo diabo.

Depois da abertura do canal de Suez, ela embarca (é 1870) de navio para o Oriente. O navio explode; segundo uns, porque estava carregado de pólvora, o que, porém, nunca foi provado. Muitos membros da tripulação morreram mas madame Blavatsky escapou milagrosamente. A descrição da explosão faz lembrar a explosão de uma bomba atômica, mais que qualquer outra coisa.

De volta a Londres ela concede uma entrevista à imprensa, durante a qual um louco (?) atira nela. Preso, ele declarou que fora guiado por certas forças o mesmo seria dito, um século depois, por Lee Harvey Oswald, Shirhan Shirhan e Charles Manson, os assassinos de John Kennedy, Robert Kennedy e Sharon Tate. Madame Blavatsky não foi ferida, mas ficou bastante assustada. Para escapar à ameaça de outros atentados, concede outra entrevista para mostrar as Stanzas de Dzyan aos jornalistas. Mas o manuscrito some misteriosamente, apesar de ter sido guardado no cofre de um grande e moderno hotel.

A partir daquele momento, madame Blavatsky ficou convencida de que está lidando com uma sociedade secreta bastante poderosa. A luta contra aquela sociedade atingiu o auge quando madame Blavatsky encontrou na América o homem de negócios Henry Steel Ol¬cott. Olcott era apaixonado por tudo que fosse inexplicável e achou madame Blavatsky fascinante. No início ele fundou com ela um "clube de milagres" e depois a Sociedade Teosófica.

Estamos no ano de 1875, 8 de setembro.

Depois de um certo tempo, coronel Olcott e madame Blavatsky decidem voltar para a Ásia para fazer contato com os mestres da Grande Fraternidade Branca. O governo dos Estados Unidos leva a missão para a Ásia tão a sério que o presidente Hayes nomeia madame Blavatsky e o coronel Olcott seus embaixadores especiais, dando lhes documentos oficiais assinados por ele e passaportes diplomáticos. Esses documentos evitariam mais tarde que eles fossem presos na índia pelos ingleses como espiões russos.

A 16 de fevereiro de 1879, a expedição chega na índia, recebida pelo Pandit Shiamji Krishnavarma e outros iniciados. Um detalhe bem desagradável é que todos os documentos e todo o dinheiro dos viajantes tinham sido roubados. A policia recuperou o dinheiro mas não os documentos. Foi o inicio de uma luta sem tréguas; os dois foram repetidamente presos e perseguidos pela polícia.

O coronel Olcott protesta, mostrando a carta do presidente dos Estados Unidos. Ele escreve: "O governo da índia a meu ver deve ter recebido informações erradas, baseadas na ignorância ou maldade, a nosso respeito. Estamos sendo vigiados de maneira agressiva, e todos estão sendo alertados de que ter amizade conosco é suspeito e pode prejudicá los. As metas louváveis da nossa sociedade estão sendo distorcidas e altamente prejudicadas. Nós somos vítimas de um tratamento completamente indigno".

As perseguições da polícia diminuíram um pouco depois desta carta, mas as ameaças se multiplicaram: "Se madame Blavatsky insistir em falar das Stanzas de Dzyan, deve esperar o pior". Mas ela insistiu. A vingança dos desconhecidos foi terrível e muito bem organizada; atacaram madame Blavatsky naquilo que lhe era mais precioso: seu conhecimento do ocultismo.

A Sociedade Inglesa de Pesquisas Psíquicas publicou um relatório simplesmente esmagador, escrito por Hodgson, dizendo que madame Blavatsky não passava de vigarista da mais baixa categoria e que tudo que ela dizia era mentira pura.

Madame Blavatsky não se recuperou desse golpe. Ela ainda viveu até 1891, completamente transtornada, num estado de depressão constante. Ela fez uma retratação pública declarando estar arrependida de ter falado sobre as Stanzas de Dzyan, mas já era tarde. Pesquisadores da índia, como E. S. Dutt, criticaram violentamente o relatório Hodgson, acabando completamente com ele. Mas era tarde demais para salvar a vida de madame Blavatsky. Depois da sua morte foi comprovado que realmente existira um complô contra ela, organizado pelo governo inglês, com o apoio dos serviços policiais do vice rei (inglês) da índia e dos missionários protestantes naquele país.

O complô prova por outro lado que existem certas organizações contra as quais nem a proteção do presidente dos Estados Unidos vale muito. Madame Blavatsky foi completamente arrasada. No terreno político, porém, sua vitória foi total: Gandhi admitiu ter encontrado seu caminho graças a madame Blavatsky, e com isso sua consciência nacional. Foi graças a madame Blavatsky que a índia finalmente se libertou do jugo inglês.

As idéias de madame Blavatsky triunfaram. E Stanzas de Dzyan acabou sendo publicado pela Hermetic Publishing Co., dos EUA, em 1915, mas o problema é que não se pode provar que o texto publicado seja o original.

Depois da catástrofe na índia, madame Blavatsky não falou mais. A última imagem que se tem dela é numa casa na rua Notre Dame des Champs, em Paris. Lá ela passou os últimos anos de sua vida para finalmente morrer em Londres.

O QUE HÁ PARA LER:
Os Livros Malditos, de Jacques Bergier; A Vida de Helena Blavatsky, de A. P. Sinnen. Madame Blavatsky escreveu vários livros onde, possivelmente, desenvolveu as idéias das Stanzas de Dzyan, Dentre eles podemos recomendar, em português, a Sintese da Doutrina Secreta. A Doutrina Oculta, A Doutrina Teosófica, A Doutrina Mistica, A Voz do Silêncio, Sabedoria Eterna e, em espanhol, lsis Sin Velo.
http://www.imagick.org.br

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