domingo, 18 de julho de 2010

As características da fé Católica

A FÉ É UMA GRAÇA

153 Quando São Pedro confessa que Jesus é o Cristo, Filho do Deus vivo, Jesus lhe declara que esta

552 revelação não lhe veio "da carne e do sangue, mas de meu Pai que está nos céus ". A fé é um dom de

1814 Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele. "Para que se preste esta fé, exigem-se a graça prévia e

1996 adjuvante de Deus e os auxílios internos do Espírito Santo, que move o coração e o converte a Deus, abre

2606 os olhos da mente e dá a todos suavidade no consentir e crer na verdade ."

A FÉ É UM ATO HUMANO

154 Crer só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo Mas não é menos verdade que

1749 crer é um ato autenticamente humano. Não contraria nem a liberdade nem a inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas. Já no campo das relações humanas, não é contrário à nossa própria dignidade crer no que outras pessoas nos dizem sobre si mesmas e sobre suas intenções e confiar nas promessas delas (como, por exemplo, quando um homem e uma mulher se casam), para entrar assim em comunhão recíproca. Por isso, é ainda menos contrário à nossa dignidade "prestar, pela

2126 fé, à revelação de Deus plena adesão do intelecto e da vontade " e entrar, assim, em comunhão íntima com ele.

155 Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina: "Credere est actus intellectus

2008 assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis a Deo motae per gratiam - Crer é um ato da inteligência que assente à verdade divina a mando da vontade movida por Deus através da graça "

A FÉ E A INTELIGÊNCIA

156 O motivo de crer não é o fato de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz

1063 de nossa razão natural. Cremos "por causa da autoridade de Deus que revela e que não pode nem

2465 enganar-se nem enganar-nos ". "Todavia, para que o obséquio de nossa fé fosse conforme à razão, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados das provas exteriores de sua

548,812 Revelação . Por isso, os milagres de Cristo e dos santos , as profecias, a propagação e a santidade da Igreja, sua fecundidade e estabilidade "constituem sinais certíssimos da Revelação, adaptados à inteligência de todos ", "motivos de credibilidade" que mostram que o assentimento da fé não é "de modo algum um movimento cego do espírito ".

157 A fé é certa, mais certa que qualquer conhecimento humano, porque se funda na própria Palavra de Deus, que não pode mentir. Sem dúvida, as verdades reveladas podem parecer obscuras à razão e à experiência humanas, mas "a certeza dada pela luz divina é maior que a que é dada pela luz da razão

2088 natural . "Dez mil dificuldades não fazem uma única dúvida .

158 "A fé procura compreender ": e característico da fé o crente desejar conhecer melhor Aquele em

2705 quem pôs sua fé e compreender melhor o que Ele revelou; um conhecimento mais penetrante despertará

1827 por sua vez uma fé maior, cada vez mais ardente de amor. A graça da fé abre "os olhos do coração" (Ef.

90 1,18) para uma compreensão viva dos conteúdos da Revelação, isto é, do conjunto do projeto de Deus e dos mistérios da fé, do nexo deles entre si e com Cristo, centro do Mistério revelado. Ora, para "tomar cada vez mais profunda a compreensão da Revelação, o mesmo Espírito Santo aperfeiçoa continuamente

2518 a fé por meio de seus dons . Assim, segundo o adágio de Santo Agostinho , "eu creio para compreender, e compreendo para melhor crer ".

159 Fé e ciência. "Porém, ainda que a fé esteja acima da razão, não poderá jamais haver verdadeira

283 desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os mistérios e infunde a fé dotou o espírito humano da luz da razão; e Deus não poderia negar-se a si mesmo, nem a verdade jamais contradizer a verdade ." "Portanto, se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira

2293 verdadeiramente científica, segundo as leis morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: quem tenta perscrutar com humildade e Perseverança, os segredos das coisas, ainda que disso não tome consciência, e como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo com que elas sejam o que são ."

A LIBERDADE DA FÉ

160 Para que o ato de fé seja humano, "o homem deve responder a Deus, crendo por livre vontade. Por

1738,2106 conseguinte, ninguém deve ser forçado contra sua vontade a abraçar a fé. Pois o ato de fé é por sua natureza voluntário" . "Deus de fato chama os homens para servi-lo em espírito e verdade. Com isso os homens são obrigados em consciência, mas não são forçados... Foi o que se patenteou em grau máximo em Jesus Cristo." Com efeito, Cristo convidou à fé e à conversão, mas de modo algum coagiu. "Deu testemunho da verdade, mas não quis impô-la pela força aos que a ela resistiam. Seu reino... se estende

616 graças ao amor com que Cristo, exaltado na cruz, atrai a si os homens ."

A NECESSIDADE DA FÉ

161 E necessário, para obter esta salvação, crer em Jesus Cristo e naquele que o enviou para nossa salvação

432,1257 "Como, porém, "sem fé é impossível agradar a Deus' (Hb 11,6) e chegar ao consórcio dos seus filhos, ninguém jamais pode ser justificado sem ela, nem conseguir a vida eterna, se nela não permanecer até o

846 fim" (Mt 10,22; 24,13 )".

A PERSEVERANÇA NA FÉ

162 A fé é um dom gratuito que Deus concede ao homem. Podemos perder este dom inestimável; São Paulo

2089 alerta Timóteo sobre isso: 'Combate... o bom combate, com fé e boa consciência; pois alguns, rejeitando a boa consciência, vieram a naufragar na fé" (1Tm 1,18-19). Para viver, crescer e perseverar até o fim na

1037,2016 fé, devemos alimentá-la com a Palavra de Deus; devemos implorar ao Senhor que a aumente ; ela

2573,2849 deve "agir pela caridade" (Gl 5,6) , ser carregada pela esperança e estar enraizada na fé da Igreja .

A FÉ - COMEÇO DA VIDA ETERNA

163 A fé nos faz degustar como por antecipação a alegria e a luz da visão beatífica, meta de nossa caminhada na terra. Veremos então a Deus "face a face" (1Cor 13,12), "tal como Ele é" (1Jo 3,2). A fé já é,

1088 portanto, o começo da vida eterna :

Enquanto desde já contemplamos as bênçãos da fé, como um reflexo no espelho, é como se já possuíssemos as coisas maravilhas que um dia desfrutaremos, conforme nos garante nossa fé .

164 Por ora, todavia, "caminhamos pela fé, não pela visão" (2Cor 5,7), e conhecemos a Deus "como que em

2846 um espelho, de uma forma confusa..., imperfeita" (1Cor 13,12). Luminosa em virtude daquele em que ela crê, a fé é muitas vezes vivida na obscuridade. A fé pode ser posta à prova. O mundo em que vivemos

309,1502 muitas vezes parece estar bem longe daquilo que a fé nos assegura; as experiências do mal e do

1006 sofrimento, das injustiças e da morte parecem contradizer a Boa Nova; podem abalar a fé e tornar-se para ela uma tentação.


165 É então que devemos nos voltar para as testemunhas da fé: Abraão, que creu, "esperando contra toda esperança" (Rm 4,18); a Virgem Maria, que na "peregrinação a fé " foi até a "noite da fé ",

2719 comungando com o sofrimento de seu Filho e com a noite de seu túmulo e tantas outras testemunhas da fé: "Com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é autor e realizador da fé, Jesus" (Hb 12,1-2 ).

ARTIGO 2 - NÓS CREMOS

166 A fé é um ato pessoal: a resposta livre do homem à iniciativa de Deus que se revela. Ela não é, porém, um

875 ato isolado. Ninguém pode crer sozinho, assim como ninguém pode viver sozinho. Ninguém deu a fé a si mesmo, assim como ninguém deu a vida a si mesmo. O crente recebeu a fé de outros, deve transmiti-la a outros. Nosso amor por Jesus e pelos homens nos impulsiona a falar a outros de nossa fé. Cada crente é como um elo na grande corrente dos crentes. Não posso crer sem ser carregado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo para carregar a fé dos outros.


167 "Eu creio ": esta é a fé da Igreja, professada pessoalmente por todo crente, principalmente pelo

1124 batismo. "Nós cremos ": esta é a fé da Igreja confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, mais comumente, pela assembléia litúrgica dos crentes. "Eu creio" é também a Igreja, nossa Mãe, que

2040 responde a Deus com sua fé e que nos ensina a dizer: "eu creio", "nós cremos".

I. "Olhai, Senhor, para a fé da vossa Igreja"

168 É antes de tudo a Igreja que crê e que desta forma carrega, alimenta e sustenta minha fé. E antes de tudo a Igreja que, em toda parte, confessa o Senhor ("Te per orbem terrarum sancta confitetur Ecclesia A vós por toda a terra proclama a Santa Igreja", assim cantamos no Te Deum), e com ela e nela também nós somos impulsionados e levados a confessar: "Eu creio", "nos cremos". É por intermédio da Igreja que

1253 recebemos a fé e a vida nova no Cristo pelo batismo. No "Ritual Romano", o ministro do batismo pergunta ao catecúmeno: "Que pedes à Igreja de Deus?" E a resposta: "A fé." "E que te dá a fé?" "A vida eterna ."

169 A salvação vem exclusivamente de Deus, mas, por recebermos a vida de fé por meio da Igreja, esta

750 última é nossa mãe: "Nós cremos na Igreja como a mãe de nosso novo nascimento, e não como se ela

2030 fosse a autora de nossa salvação ". Por ser nossa mãe, a Igreja é também a educadora de nossa fé.

II. A linguagem da fé

170 Não cremos em fórmulas, mas nas realidades que elas expressam e que a fé nos permite "tocar". "O ato (de fé) do crente não pára no enunciado, mas chega até a realidade (enunciada ). Todavia, temos

186 acesso a essas realidades com o auxílio das formulações da fé. Estas permitem expressar e transmitir a fé, celebrá-la em comunidade, assimilá-la e vivê-la cada vez mais .

171 A Igreja, que é "a coluna e o sustentáculo da verdade" (1 Tm 3,15), guarda fielmente a fé uma vez por

78,84,857 todas confiada aos santos . E ela que conserva a memória das Palavras de Cristo, é ela. que transmite de geração em geração a confissão de fé dos apóstolos. Como uma mãe que ensina seus filhos a falar e,

185 com isto, a, compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, nos ensina a linguagem da fé para introduzir-nos na compreensão e na vida da fé.

III. Uma única fé

172 Há séculos, mediante tantas línguas, culturas, povos e nações, a Igreja não cessa de confessar sua única

813 fé, recebida de só Senhor, transmitida por um único batismo, enraizada na convicção de que todos os homens têm um só Deus e Pai , São Irineu de Lião, testemunha desta fé, declara :

173 "Com efeito, a Igreja, embora espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra, tendo recebido dos

830 apóstolos e dos discípulos deles a fé... guarda [esta pregação e esta fé] com cuidado, como se habitasse em uma só casa; nelas crê de forma idêntica, como se tivesse uma só alma; e prega as verdades de fé, as ensina e transmite com voz unânime, como se possuísse uma só boca ".

174 "Pois, se no mundo as línguas diferem, o conteúdo da Tradição é uno e idêntico. E nem as Igrejas

78 estabelecidas na Germânia têm outra fé ou outra Tradição, nem as que estão entre os iberos, nem as que estão entre os celtas, nem as do Oriente, do Egito, da Líbia, nem as que estão estabelecidas no centro do mundo... " "A mensagem da Igreja é, portanto, verídica e sólida, pois é nela que um único caminho de salvação aparece no mundo inteiro ."

175 "Esta fé que recebemos da Igreja, nós a guardamos com cuidado, pois sem cessar, sob a ação do Espírito de Deus, à guisa de um depósito de grande preço encerrado em um vaso precioso, ela rejuvenesce e faz rejuvenescer o próprio vaso que a contém. "
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